No Meu Jardim (Tiago Villano)


Regando as plantas de meu jardim, percebo que não estou só. Estamos todos! E essa constatação, traz um pouco de desconforto, talvez desamparo. E amparo-me em meu desamparo. Sempre há algo onde nos apoiar. E o apoio de si, o apoiar-se em si mesmo é o único que não lhe traz o risco e a dor da dependência.

Volto a distrair-me e recordo-me: - É triste não termos o alimento, o alimentar-se de um grande amor? Mas, em termos de nossa vida diária, resignada a banalidades cotidianas, o verdadeiro alimento não é fácil de se encontrar, mas virá no seu tempo como as flores e frutos das estações. Mas o risco iminente é: toda história de amor termina em tristeza, silêncio e chuva. Vale a pena?

Seria o preço da lucidez - o desespero? A realidade maior é que não suportaríamos olhar por muito tempo para nossas verdades. Quem consegue olhar para o abismo e carregá-lo nas costas? Talvez devêssemos construir mais sentidos para o viver, que não o prazer, o amor, os desejos ou a felicidade inalcançável de seres embriagados pelas ilusões efêmeras de fantasias infantis. O final da história? Nunca termina no "felizes para sempre". Nisso, a citação: - “O mundo é uma festa que termina em morte e em cheiro de cravo murcho na lapela...”. (Clarice Lispector)

Um comentário:

  1. Tiago, estive em sampa e gostaria de ter lhe dado uns chocolates do Acre, mas não consegui contatar-lhe. Abç. saudades. Carol
    Amei seu "mural da existência", tem tudo a ver!

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