Cruzar das linhas


Ele estava à espreita, sozinho. Estava na sala, e pairou um pouco sobre a janela. Sob ela, muita chuva caía. Em sua cidade, a chuva era muito comum. Ela era a representação da limpeza, da purificação. Para ele, ela não só limpava os céus. Entendia-se que ela deveria ser o momento de reflexão de nossas vidas. Tudo então, deveria ser colocado em questão. Meditava então, sob o barulho da água (chuva) as questões essenciais da vida. Tudo o que havia vivido e experienciado, vinha à sua mente: os amores, as perdas, as dores, os alívios. Ele se sentia leve. Por vezes o arrependimento vinha, visitava-o junto com alguns outros sentimentos. Ele sentia que não deveria pensar assim. Pensava que deveria viver os momentos com a força do eterno retorno: deveria viver todas as circunstâncias de sua vida (os momentos) como se eles eternamente fossem se repetir. A rigor, uma tarefa árdua. Mas, por breves instantes de lucidez, ele atingia a iluminação necessária para entender do que se tratava. E a chuva continuava a cair. O tudo (a plenitude) era ao mesmo tempo o nada. Habitamos sua proximidade, e vez ou outra apenas nos distraímos de sua estranheza. Inventamos artifícios de distração. Então, ele dizia: "apenas relaxe, mantenha a calma e se entregue". O momento crucial do cruzar das linhas. Sol e Lua, dia e noite. Morte e vida. Fronteira? Não há fronteiras para essa experiência, apenas sensações. Quem sabe, quem conhece não pergunta. Com a entrega e a disponibilidade necessária: paira e comtempla...

Um comentário:

  1. TIAGO:

    Parabéns! Pelo texto, pelo teor do mesmo e por nos fazer crer que a entrega e a disponibilidade estão presentes em nossa vidas.

    Anonimo

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