Lua (Tiago Villano)


Ele sabia que seu caminho havia ficado estreito. Não havia muitos em quem confiar, e sempre que se distraia lembrava do tempo em que vivia sem grandes preocupações. Não se questionava acerca de si mesmo. Nem duvidava de si e de suas qualidades. Tinha, um trabalho modesto, uma vida simples e um bom amor para se alimentar. Mas o tempo, devorador humilde, arrancou-lhe o seu amor... e com ele a paz. Trouxe dúvidas, medos, insônias cada vez mais frequêntes e sentimentos ambíguos, estranhos de se acostumar.

Cada vez mais dizia p/ si mesmo: por que é que se vive? E todos os sentidos se esvaziavam, já que a angústia se tornara recorrente. Uma sensação de vazio. Como se a vida no mundo fosse completamente desprovida de explicações; leviana, sórdida... sentia que todos se enganavam para não morrem da verdade. E continuava se indagando sobre a finitude e o grande infinito espacial. Gostaria de estar ligado a alguma força cósmica, pois quando amava era isso que sentia: fusão, preenchimento. Mas agora, pele e ossos e a cama vazia.

Certo dia, olhando para o céu, avistou a lua e uma estranha sensação o visitou. Teve a nítida experiência de perceber não que olhava a lua mas, que LUA o observava. Como se por breves instantes, todo o universo era passível de fazer sentido. Com isso: uma leve sensação de pertencimento. (Teria a lua lhe mostrado o rosto de sua amada?) Depois daquele dia, Jaime não foi o mesmo. Embora essa sensação cada vez mais se tornasse rara, se deu conta de estava apenas lúcido diante da loucura do mundo – e toda a sua verdade encontravasse escancarada. Sua doença existia enquanto estava fundido e preso ao seu grande amor. A doença de não se dar conta que eles não eram a união de duas metades, mas eram duas pessoas inteiras prometidas um ao outro. Não ter percebido que sua solidão estivera sempre ali, à sua espreita. E a dor que sentira foi a de um desejo frustrado e sua cegueira de ilusão: - a vontade de querer que tudo seja para sempre...

Um comentário:

  1. concordo q estar lúcido diante da loucura do mundo nos leva a deparar com algo do qual nao se havia notado,isso nos leva a nao chorar o passado, mas projetar no presente aquilo que tem sido belo e nao se perdeu, assim se vai tomando consciencia, que amores q teve amigos q quase esqueceu casa de infancia a pessoa q se foi todos esses anos pode viver melhor outra vez com outra pessoa em outra casa com outros amigos com novos objetos entre os antigos . Bom essa é minha visao e q todos podem ter, mas se turva pela pressa, pela exigenciade ser o q nao podemos ser, pela vontade de se fazer acontecer.

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