Declínio (Tiago Villano)


No decorrer da história, o ser humano foi surpreendido com a supervalorização da tecnologia: as ciências passam a fornecer ao homem respostas que o tranqüilizem, inaugurando um modo de investigar e conhecer o mundo. Procurando encontrar um ponto de apoio seguro em que possa basear todo o conhecimento e dar-lhe estabilidade, linearidade, para isso se utiliza da razão, lógico-matemática. Apoiando o conhecimento na razão, a tradição ocidental acredita poder torná-lo preciso, claro e estável. Sendo então, capaz de fornecer ao homem respostas definitivas, e findar aparentemente com sua angústia. A partir de então, por meio do conhecimento científico e da técnica, o homem procura prever e controlar o mundo, a natureza, os fenômenos sociais, a opinião pública, o comportamento das massas e das pessoas.


Com isso o Homem deixa sua condição de vir-a-ser e passa a ser objetivizado, isto é, passa a ser tratado como objeto. Não se espera mais compreendê-lo, mas explicá-lo. Se é reduzido, com isso, à hormônios, instintos animais, aprendizagens sociais, pulsões inconscientes e toda a sorte de determinações biológicas, psicológicas, sociais ou uma soma informe de tudo isso. Assim passa-se a se consolidar ao longo da história a crença de que somente o conhecimento científico e a razão podem fornecer as verdades e respostas de que o homem precisa, buscando-as fora do Homem.

O Homem é um herdeiro tardio de um paradigma, de um modo-padrão de pensar a questão do ser e que orientou toda a história da civilização ocidental. Resumidamente pode-se dizer que se trata de um modo que coloca o homem no centro dos entes. Ele controla, mensura, domina os entes à sua volta a todo o custo, e acredita que pode isso. Faz isso para querer dar conta da angústia, da insegurança, e da transitoriedade que é a vida, passa a viver por uma ânsia de novidades, ansiando o topo da montanha.


Herda-se um modo de pensar. Se for ensinado a habitar o mundo pela razão, lógico matemático. Logo, tudo o que não pode ser mesurado, clarificado e objetivado por meio de certezas passa a ser esquecidos ou descartado, tudo deve ser claramente explicável. Descarta-se Deus, abandona-se o sagrado. Assim, passamos a perceber e a nos dar conta de que o máximo controle sobre a natureza e suas forças é o descontrole máximo sobre a nossa sobrevivência... E tão logo o declínio do Ecossistemas.

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