Do conhecimento e da Experiência (Tiago Villano)


As respostas que quebram as contradições e os paradoxos são respostas ilusórias para abarcar nossa angústia, insegurança e incerteza. Essas respostas desconhecem o real alcance das questões, fazendo sempre desaparecer as próprias perguntas. A meditação é a que nos coloca dentro, no interior das próprias questões, nos mostrando o real alcance delas. É no mover-se das questões, na reflexão pura, sem a intenção de pousar em algum lugar, sem a intenção de chegar a um fim, que se criam às perspectivas. O círculo das interrogações não busca a saída e sim a profundidade, tornando o desconforto da interrogação um lugar salutar, uma terra fértil de crescimento e abertura para o sagrado, para o infinito.

O senso comum não consegue observar o essencial, pois o essencial não ocupa o lugar do útil. Nossa cultura pensa a partir do valor de utilidade, o que pode ser eficiente, rápido e imediato. Quando o homem atual se questiona pela condição de encontrar uma resposta, ele já sabe o que quer encontrar, sabe onde quer chegar. O modo de pensar ocidental pensa a verdade a partir de um senso de conveniência, num ajuste: estar adequado. Ou seja, o que se exprime deve estar em conformidade com o que se designa. O verdadeiro é o real, o falso é irreal. Tautologia preguiçosa. O critério se adequa a coisa? Ou a coisa ao critério? Não estamos mais na idade média, precisamos descobrir um outro modo de pensar e ver o ser humano, pois existe a verdade que só diz respeito ao conhecimento, ao intelecto. E outra mais profunda, mais essencial.

É o sentido que vem ao encontro do homem, não o homem que vai ao sentido. Intencionalidade é o modo de ser da consciência. As coisas não podem ser reduzidas ao que queremos que elas sejam. É preciso que ela se dê num âmbito de encontro onde se dá a abertura do apresentado com o ser apresentante. Deixando a coisa se manifestar. Estar aberto é um exercício, um modo de ser. Quanto mais respeitamos a alteridade mais somos. O homem pode captar o sentido, mas não é ele que dá, que doa. Somente o homem pode se abrir e acolher o ente a partir do que ele é. O que torna possível essa abertura é a liberdade. As escrituras sagradas já diziam: a verdade liberta. Logo a essência da verdade, o modo de ser da verdade é a liberdade. A doação prévia da coisa tal como ela é acontece se estivermos instaurados como livres dentro do aberto que vincula toda presentação. Não significa perder-se nos entes, mas, dar um passo para trás, efetuar um recuo, ter distancia para se aproximar de mim como aquele que recebe. Um ente é não livre quando esta voltado para si mesmo.


Só pode se aproximar quem é capaz da distância.

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