Estação da vida...



A correnteza das águas me levam ao fim dos rios que desembocam ao mar salgado de um oceano sem fim. A lua brilha mesmo a luz do dia. A vida num piscar de olhos traz ao meu coração a paz florescente de uma infância serena. Meus olhos não piscam e permacem abertos diante da existência que flui. A vida juvenil que sem parar levou-me a vida adulta rumo a uma maturidade espiritual de lucidez sem fim. Meus olhos dóem. A clareza as vezes parece insustentável. Logo a minha frente os tempos da velhice caminham em direção ao inverno. As estações apontam para o ciclo da perpétua mudança. Caminho as sombras de passos lentos. Preciso de galhos para me sustentar. Nesse sonho, existe comigo crianças e ao meu lado a silueta de uma companheira que me ajuda a suportar os dias frios e os prelúdios do fim. Solidão companheira de cabelos grisalhos...

Pássaros cantam acalmando as dores de ossos cançados, conhecedores de gritos, gemidos e guerras... E ao piscar de olhos que até então estavam arregalados, uma libélula desperta-me do sonho levando-me ao instante presente... E vejo a realidade convocar-me de volta ao lugar ao qual pertenço, o lugar-nenhum de uma transição onde o estar-lançado é a única condição perene. Das pessoas que amei, algumas se foram, outras ficaram esquecidas. O que me resta é a promessa de possibilidades constantes onde a angústia assombra as possibilidades em constante abertura. Refresco-me, respiro e logo após o sino soar... volto a nadar nas águas da correnteza de um milagre recheado e prenhe de enigmas, dores e alegrias...

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