Devaneios (0h00)...

Bebo um pouco de vinho. Fecho meus olhos e vejo um universo: A beleza de uma imensidão, mistério vazio. Caminho como um estrangeiro por lugares escuros, desertos cósmicos onde apenas eu me faço companhia. Uma força fala por si só: - vida... Há de se recolher o acontecimento e lhe emprestar a fala... Deixo fluir agora meus devaneios...

Conheci uma mulher, de cabelos fios de ouro
Senti um prazer quando a ouço falar, sua voz, sua boca
Com ela não existe diferenças: a coisas erradas e as certas
Ouço suas angústias, seus pesos, suas tarefas...
Bela como a noite, ouço suas dores, suas alegrias e seus medos
Não percebi onde tudo poderia dar, mas tudo é bom por esse caminho
suas mãos, seus beijos, seus cabelos
Sua boca: pêssegos e vinho...

(vinho)

O abraço pra quem sabe,
é para ninguém se sentir sozinho
Olhar e carícia: aceno e despedida
Quando o corpo pede descanso é hora de partir
Quem conhece sabe, fica-se triste e feliz
Do seu lado pode-se ficar sem palavras
E num silêncio pleno, descansar e respirar
Como quem cheira uma flor de mil pétalas e mil perfumes...
Estou um pouco inebriado: de paixão e vinho, dá-me mais...

(vinho)

Já não sei onde quero estar
Sinto-me boiando como num grande mar...
Imensidão azul: fúria e serenidade...
Há de se viver a tragédia e a alegria...
Somos árvores passageiras, ficam as raízes...
Que podem voltar a brotar ou secar
É preciso amar tudo o que a vida nos dá e tira
O riso e o choro - A morte e vida
Viver a subida sem deixar de olhar à queda...
E tornar de nossa morte um dia de festa...


Boa noite Deus! ... Mais um gole de vinho... As palavras sempre buscam algum lugar. Seguem por seu próprio caminho. As palavras são pássaros construindo ninhos... Os ninhos são transitórios por isso, desolados. Pertencem por pouco tempo e seguem muitos destinos...

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