Círculos




Teorias, explicações, conclusões, encerramento de caso. Tudo isso para nos trazer a consolação, o travesseiro, o colo. Mas teoria é algo que não é, e a gente finge que é para saber como seria. Concluímos os assuntos, estabelecemos certezas para abafar a angústia necessária do encontro com nós mesmos. Para não nos desesperarmos com o navio sagrado que é o mundo, girando em torno de si mesmo, repetindo os ciclos. E a insídia metafísica que ela precisa para gerenciar o poder e o controle. Eles querem que você abaixe sua cabeça e aceite o infortúnio da mundanidade. Mas eu os admiro. Gostaria de poder entregar minha vida para um outro governar, realizar as escolhas, pensar por mim, se responsabilizar e me dar sempre leite no seio e colo quentinho. Mas, sou o escavador do inexplorado, estrangeiro na aristocracia e o não-pertencimento é onde reside o meu leito.


E enquanto isso, somos só mais um... Somos? Alguns que se arriscam a sair do próprio conforto, da resignação que enfraquece nos tornando burros de carga de conhecimentos confiados a razão. A razão é a que nos tira da experiência real. E eu? Não sei, tudo pode. Não sei como as coisas deviam ser, mas sei como não deviam ser. Não sei o que é isso ou aquilo, mas sei o que isso ou aquilo NÃO é.

"Emigrado neste canto sem cura ousei recitar um hino, ams minha voz retirou-se e eu me vi face a face com o segredo da noite. Impossibilitado de revelá-lo, a ele me fundi e, nesta viagem sem volta, fui convertido ao silêncio". (Juliano Pessanha)

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