Cinza


Hoje o céu acordou cinzento. Abri minha janela, preparei meu café... e sem querer comecei a contemplar esse céu triste e melancólico. Na verdade ele é de uma beleza rara. O sol escondido atrás das sombrias nuvens de prata... dissipa as trevas e a ilumina. As partículas ínfimas de chuva, uma garoa rasa que sinto em meu rosto... O vento gelado, o som dos pássaros sempre dispostos à música... Tudo fica de repente introspectivo... Tudo ao redor se torna sabedoria, reflexão, comunhão... Esse tempo me solicita à poesia, me convida à solidão, onde posso durante horas rastrear dentro de mim pedaços perdidos de uma existencia cambaleante... rir, chorar, lembrar, inventar, sofrer, amar, querer viver, querer dormir, amigos, família, vivos e mortos preenchem nossas vidas... mas por um momento o mais estranho de tudo é um sentimento de saudade... que me traz consolo e alegria só que ao mesmo tempo assombro: afinal, sinto saudades de nada, de tudo e de algo que ainda não sei o nome... volto ao meu café e descubro: - Sou eu, ausência preenchida...

Nenhum comentário:

Postar um comentário