Guimarães Rosa


Comigo as coisas não tem hoje e ant’ontem amanhã: é sempre. (...) O senhor por ora mal me entende, se é que no fim me entenderá. Mas a vida não é entendível.

É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado.

Quando me disseste que não mais me amavas,e que ias partir,dura, precisa, bela e inabalável,com a impassibilidade de um executor, dilatou-se em mim o pavor das cavernas vazias... Mas olhei-te bem nos olhos,belos como o veludo das lagartas verdes, e porque já houvesse lágrimas nos meus olhos, tive pena de ti, de mim, de todos, e me ri da inutilidade das torturas predestinadas, guardadas para nós, desde a treva das épocas, quando a inexperiência dos Deuses ainda não criara o mundo...

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