Amadurecer (Tiago Villano)


Com o tempo amadurecemos (tudo bem, alguns não). Mas, de certa forma vamos aprendendo a digerir e entender como as coisas (acontecimentos) se desenrolam. Às vezes, passamos muito tempo nos perguntando como e porque isso aconteceu. Alguém que nos deixou, amigos ou pessoas queridas que se vão. Mas, entender nem sempre é possível e se isso permanecer, nosso sofrimento será exagerado e em vão. Todos temos que encerrar capítulos de nossas vidas e na hora necessária: - nossa própria vida. Somos egoístas, queremos que as pessoas fiquem para sempre e de preferência conosco. Mas, a vida dos outros também tem outras exigências, urgências. Alguns precisam partir, outros precisam morrer. Às vezes, temos que deixar e aprender que algumas pessoas precisam ir embora. Nossa companhia talvez não seja mais apreciada pela pessoa que amamos, ela precisa viver sua vida e nós a nossa. Ninguém é completo e ninguém pode ser tudo em nossa vida. Se nossa vida girar em torno de uma pessoa, seremos dependentes, imaturos e com certeza sofreremos horrores. Precisamos entender porque isso acontece. Será que somos inseguros? Será que não conseguimos encarar a angústia e precisamos depositar numa ilusão a segurança imaginária de um porto seguro? Solidão? Carência? Muitas podem ser as explicações, mas o fato é que essa resposta se encontra dentro de nós mesmos. Essa resposta e todas as outras. Tudo passa, o mundo gira e o tempo não pára, seria diferente com as pessoas?

O que fazer? Deixar que elas realmente possam ir embora... O mundo que vemos é uma manifestação do mundo invisível de nossa realidade interior. Precisamos mudar e desfazer algumas coisas para que também e ao mesmo tempo, consigamos abrir espaços para que outras coisas (pessoas) preencham seus lugares, ganhem e conquistem novos espaços. Fernando Pessoa dizia: "O mundo exterior é um reflexo de nossa realidade interior"

A vida é marcada de intervalos - impermanencia perpétua. Mas muitos prometem a felicidade: a televisão vende encenações de alegrias, promessas vazias. Com o tempo, aprendemos que nossa vida se assemelha a natureza e junto caminha a ela. Se escravizamos e maltratamos a natureza com artifícios de poder e submissão, fazemos isso também com o mundo e com as pessoas. Em nossa vida, também caminhamos cheios de ciclos – primavera, verão, outono, inverno. Precisamos deixar que as coisas possam ir, passar, terminar. Afinal a vida só se vive no milagre de cada dia, no instante mágico do despertar: a noite se foi, o dia chegou. Perdoe os outros e também a si mesmo. Somos companheiros de viagem com destinos variados. Podemos encontrar viajantes que aspiram vidas “semelhantes” mas jamais iguais. Dor e sofrimento serão necessários para encobrir as alegrias que logo virão (se permitirmos que venham). Nossa vida só depende de nós mesmos, apenas nós somos responsáveis por nós mesmos, somente nós podemos tomar nossas decisões e agüentar a angústia necessária para o crescimento. Nós teremos que viver nossa própria vida e quando o inverno intenso chegar, somente nós teremos que morrer nossa própria morte. Para que tudo seja mais leve, desapegue-se e aceite quando será o momento necessário para findar, terminar, seguir em frente ou descansar. Viva em comunhão com tudo o que é vida. Respeite o próximo, ame seus filhos (mesmo que ele não correspondam aos seus sonhos) e alcance uma relação com o sagrado.


Bons sonhos, boa noite é hora de dormir.

2 comentários:

  1. Boa noite Ti!!!
    Achei o máximo o texto, fiquei surpresa com o que escreveu, que talento hein!!!
    Você colocou de forma precisa o sentimento de todos, se não for de todos, com certeza quase todos.
    Muito legal....
    Beijos
    Valesca

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  2. Sérgio disse: Se nossa vida girar em torno duma pessoa, seremos dependentes.... Acho que é isso. Gostaria de falar mais contigo sobre este texto. Me ajudou a refletir muito. Passou da hora de seguir em frente....Parabéns.

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