tag:blogger.com,1999:blog-36188412654892154552024-03-13T10:39:16.309-07:00Mural da Existência"O apelo do Caminho do Campo acorda um sentido que ama a liberdade e, no lugar oportuno, suplantará as aflições numa última serenidade. Em sua via se encontram a tormenta do inverno e o dia da colheita, em sua via se cruzam à mobilização estimulante da primavera e o fenecer tranqüilo do outono"...(Martin Heidegger)Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.comBlogger206125tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-36310270516538909002012-07-30T10:04:00.003-07:002012-07-30T10:04:49.002-07:00Pós Modernidade<div style="text-align: justify;">
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<a href="http://1.bp.blogspot.com/-GvDWqQ0eqb8/UBa-jvtS4LI/AAAAAAAAA7o/8UJlmdRzbAM/s1600/DT.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" eda="true" height="250" src="http://1.bp.blogspot.com/-GvDWqQ0eqb8/UBa-jvtS4LI/AAAAAAAAA7o/8UJlmdRzbAM/s320/DT.JPG" width="320" /></a></div>
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A Pós-Modernidade marca o declínio do que Freud chamaria de Lei-do-Pai, cujo efeito mais imediato no social é a anomia, onde a perversão se vê livre para se manifestar em diversas formas, como na violência urbana, no terrorismo, nas guerras ideologicamente consideradas “justas”, “limpas” ou “cirúrgicas”. A razão cínica é cada vez mais instrumentalizada. Isto é, não basta ser transgressivo ou perverso-imoral, é preciso se construir uma justificativa “moral” para atos imorais ou perversos. Zizek cita o escabroso caso dos necrófilos, nos EUA, que se julgam no “direito” de fazer sexo com cadáveres. Ou seja, ele diz que qualquer cadáver é um potencial parceiro sexual ideal de sujeitos tolerantes que tentam evitar toda e qualquer forma de molestamento. Por definição: não há como molestar um cadáver. </div>
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Na Pós-Modernidade, a perversão e o estresse são sintomas resultados da falta-de-lei, da falta-de-tempo e da falta-de-perspectiva de futuro, porque tudo se desmoronou (do muro de Berlin à crença nos valores e na esperança). A sociedade é regida para além da ânsia de espetáculo; existe a ânsia de prazer a qualquer preço, a maioria parece se sentir na obrigação de se divertir, de “curtir a vida adoidada” e de “trabalhar muito para ter dinheiro ou prestígio social”, não importando os limites de si próprio e dos outros. As pessoas se sentem no dever de se vender como se fosse um prazer, de fazer ceia de Natal em casa à meia noite, de comemorar o gol que todo mundo está comemorando, de curtir o carnaval nos 3 ou 4 dias, de seguir uma religião, de usar celular sem motivo concreto, de gastar o dinheiro que não têm, de ter relações sexuais toda noite porque todos dão a impressão de fazê-lo, de fazer cursos e mais cursos, ascender na empresa, escrever mil e um artigos por ano na universidade. Enfim, todos parecem viver na “obrigação” de se cumprir uma ordem invisível, e de ser visivelmente feliz e vencedor. </div>
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Heidegger coloca que esse mergulho no impessoal é uma maneira de lidar a angústia. Ao passo que o Homem é um ser-no-mundo e a angústia se torna uma possibilidade, ela o acomete e lhe causa um desconforto em seu ser. Se não se encontra conforto e amparo em si mesmo, passa a se refugiar na massa, no impessoal. Como a angústia mostra de maneira mais nua a inospitabilidade do mundo e isso causa um estranhamento, a possibilidade de se refugiar nas manifestações da massa parece sedutora, pois se poderá ter a ilusão de que não se é estranho, as coisas não estão estranhas e, evidentemente, aqui se poderá estar amparado, protegido, sentindo-se pertencente, acolhido. </div>
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Quem não obedece a si mesmo é regido por outros. É mais fácil, muito mais fácil, obedecer a outro do que dirigir a si mesmo...</div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-37431621944072132822012-06-28T06:13:00.002-07:002012-06-28T06:13:37.867-07:00SorriaCONTARDO CALLIGARIS<br />
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Sorria!<br />
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Pesquisas mostram que valorizar a felicidade produz insatisfação e mesmo depressão<br />
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Na frente da câmara fotográfica, ninguém precisa nos dizer "Sorria!"; espontaneamente, simulamos grandes alegrias, sorrindo de boca aberta. Em regra, hoje, os retratos são propaganda de pasta de dentes -se você não acredita, passeie pelo Facebook, onde muitos compartilham seus álbuns, rivalizando para ver quem parece melhor aproveitar a vida.<br />
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O hábito de sorrir nos retratos é muito recente. Angus Trumble, autor de "A Brief History of the Smile" (uma breve história do sorriso, Basic Books), assinala que esse costume não poderia ter se formado antes que os dentistas tornassem nossos dentes apresentáveis.<br />
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Além disso, os retratos pintados pediam poses longas e repetidas, para as quais era mais fácil adotar uma expressão "natural". O mesmo vale para os daguerreótipos e as primeiras fotos: os tempos de exposição eram longos demais. Já pensou manter um sorriso por minutos?<br />
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Outra explicação é que o retrato, até a terceira década do século 20, era uma ocasião rara e, por isso, um pouco solene.<br />
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Mas resta que nossos antepassados recentes, na hora de serem imortalizados, queriam deixar à posteridade uma imagem de seriedade e compostura; enquanto nós, na mesma hora, sentimos a necessidade de sorrir -e nada do sorriso enigmático do Buda ou de Mona Lisa: sorrimos escancaradamente.<br />
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Certo, o hábito de sorrir na foto se estabeleceu quando as câmaras fotográficas portáteis banalizaram o retrato. Mas é duvidoso que nossos sorrisos tenham sido inventados para essas câmaras. É mais provável que as câmaras tenham surgido para satisfazer a dupla necessidade de registrar (e mostrar aos outros) nossa suposta "felicidade" em duas circunstâncias que eram novas ou quase: a vida da família nuclear e o tempo de férias.<br />
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De fato, o álbum de fotos das crianças e o das férias são os grandes repertórios do sorriso. No primeiro, ao risco de parecerem idiotas de tanto sorrir, as crianças devem mostrar a nós e ao mundo que elas preenchem sua missão: a de realizar (ou parecer realizar) nossos sonhos frustrados de felicidade. Nas fotos das férias, trata-se de provar que nós também (além das crianças) sabemos ser "felizes".<br />
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Em suma, estampado na cara das crianças ou na nossa, o sorriso é, hoje, o grande sinal exterior da capacidade de aproveitar a vida. É ele que deveria nos valer a admiração (e a inveja) dos outros.<br />
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De uma longa época em que nossa maneira e talvez nossa capacidade de enfrentar a vida eram resumidas por uma espécie de seriedade intensa, passamos a uma época em que saber viver coincidiria com saber sorrir e rir. Nessa passagem, não há só uma mudança de expressão: o passado parece valorizar uma atenção focada e reflexiva, enquanto nós parecemos valorizar a diversão. Ou seja, no passado, saber viver era focar na vida; hoje, saber viver é se distrair dela.<br />
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Ao longo do século 19, antes que o sorriso deturpasse os retratos, a "felicidade" e a alegria excessivas eram, aliás, sinais de que o retratado estava dilapidando seu tempo, incapaz de encarar a complexidade e a finitude da vida.<br />
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Alguém dirá que tudo isso seria uma nostalgia sem relevância, se, valorizando o sorriso e o riso, conseguíssemos tornar a dita felicidade prioritária em nossas vidas. Se o bom humor da diversão afastasse as dores do dia a dia, quem se queixaria disso?<br />
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Pois é, acabo de ler uma pesquisa de Iris Mauss e outros, "Can Seeking Happiness Make People Happy? Paradoxical Effects of Valuing Happiness", em Emotion on-line, em abril de 2011 (http://migre.me/9CT8e).<br />
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Em tese, a valorização ajuda a alcançar o que é valorizado -por exemplo, se valorizo as boas notas, estudo mais etc. Mas eis que duas experiências complementares mostram que, no caso da felicidade (mesmo que ninguém saiba o que ela é exatamente -ou talvez por isso), acontece o contrário: valorizar a felicidade produz insatisfação e mesmo depressão. De que se trata? Decepção? Sentimento de inadequação?<br />
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Um pouco disso tudo e, mais radicalmente, trata-se da sensação de que a gente não tem competência para viver -apenas para se divertir ou, pior ainda, para fazer de conta. Como chegamos a isso?<br />
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Pouco tempo atrás, na minha frente, uma mãe conversava pelo telefone com o filho (que a preocupa um pouco pelo excesso de atividade e pela dispersão). O menino estava passando um dia agitado, brincando com amigos; a mãe quis saber se estava tudo bem e perguntou: "Filho, está se divertindo bem?".<br />
<br />Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-82884966174293045582012-04-19T08:04:00.002-07:002012-04-19T08:07:50.392-07:00Canibais do Agreste<div align="justify">Canibais do Agreste - Por C. Calligaris</div><br /><div align="justify"><br />Os canibais do agreste são três loucos. A partir de que número eles seriam uma seita? E uma religião? Na quarta-feira retrasada, em Garanhuns (PE), a polícia prendeu Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, 51, sua mulher, Isabel Cristina Torreão Pires da Silveira, também 51, e Bruna Cristina Oliveira da Silva, 25, que vivia com o casal e era a amante de Jorge. Os três são acusados de ter matado no mínimo três jovens mulheres: duas nos últimos meses, em Garanhuns, e outra, em 2008, em Olinda. Eles confessaram ter comido pele, vísceras e carne das vítimas. Isabel declarou ter usado esses ingredientes na preparação de empadas que ela vendia cidade afora. Os restos das vítimas recentes foram encontrados no quintal da casa do trio.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Jorge, formado em educação física e com uma segunda faculdade ao menos começada, deixou um manuscrito de 34 minicapítulos e cinco desenhos registrado em cartório (como se temesse pelos direitos autorais). Também existe um filme, que Jorge e Isabel produziram e no qual eles atuaram, anos atrás. Bruna, ao que parece, escreveu um diário, que acaba de ser encontrado.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Passei a tarde de domingo lendo o manuscrito de Jorge; o memorial se interrompe pouco depois da primeira vítima, Jéssica (a qual, antes de ser morta, pariu uma menina, que passou a viver com o trio e de quem Jorge afirma ser o pai).No memorial, Jorge também relata o diagnóstico de esquizofrenia paranoide, as tentativas de medicação e a passagem por diversos serviços de saúde mental.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Numa entrevista televisiva (<a href="http://migre.me/8GY8q">http://migre.me/8GY8q</a>), Jorge conta que as vítimas precisavam ser purificadas, e purificar as almas era a "missão" do trio. As mulheres, atraídas por propostas de trabalho, eram levadas, na conversa, a falar "coisas boas", de maneira a poderem morrer "perdoadas".Comer a carne era parte do ritual de purificação; talvez os assassinos incorporassem assim a nova "pureza" de suas vítimas -afinal, segundo muitos antropólogos, o canibal assimila as qualidades da pessoa de quem ele se alimenta. De fato, depois do primeiro assassinato, Bruna passou a ser chamada de Jéssica, nome da primeira vítima.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Seja como for, o crime do trio inspirou um horror descomunal. Populares de Garanhuns, não podendo linchar os três, lincharam a casa, que foi saqueada e queimada por duas vezes.De fato, o autocanibalismo é frequente (as pessoas comem suas unhas e peles sem problema), mas o canibalismo é muito raro. Aparece na ficção (Hannibal Lecter) e em alguns casos em que está ligado a fantasias sexuais extremas (vide o caso de Jeffrey Dahmer e o caso de Armin Meiwes, que, na Alemanha, em 2003, encontrou Bernd Brandes, o qual queria ser devorado e participou da comilança de seu próprio corpo até morrer). Desse canibalismo sexual sobra em nós a vontade de morder o ser amado -além do duplo sentido lusitano de "comer".</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Fora isso, o canibal é sobretudo uma construção cultural, que serve para apontar a selvageria no primitivo e no outro em geral (sobre isso, ler o excelente "An Intellectual History of Cannibalism", de Catalin Avramescu, Princeton).</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Agora, o canibalismo, para Jorge, não foi um transporte sensual ou sexual, mas o jeito louco de se dar uma identidade e um sentido. Os cristãos sustentam sua força espiritual incorporando simbolicamente o corpo de Cristo na comunhão; Jorge tentou se tornar alguém no mundo devorando realmente suas vítimas purificadas. Ele conseguiu: tornou-se a mão vingadora do arcanjo, com a "clara" missão de purificar o mundo.Alguém me perguntou: como três pessoas podem compartilhar a mesma loucura?</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">A psiquiatria francesa do século 19 nomeou a "Folie à deux" (loucura a dois), que o DSM (manual de diagnóstico de transtornos mentais) hoje chama de Transtorno Psicótico Compartilhado. Às vezes, dois ou mais psicóticos podem influenciar reciprocamente a elaboração de seus temas delirantes. Mais frequentemente, a loucura é imposta a outros (não psicóticos) por um personagem dominante (Jorge, no caso), cujo delírio seduz e conquista. Como assim, seduz?</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Num mundo em que a maioria sofre de uma tremenda fragilidade narcisista, ou seja, da sensação de ser invisível e desnecessário, os Jorges só podem proliferar, pois eles garantem muito mais do que pão: eles garantem um sentido e uma função no mundo para todos.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Os canibais do agreste são três loucos. A partir de que número eles seriam uma seita? E uma religião?</div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-24656903032796761752012-03-31T08:30:00.003-07:002012-04-02T07:10:29.230-07:00Sintonia no ciclos da vida<a href="http://3.bp.blogspot.com/-6cAIILF7RWw/T3ckjTf0cJI/AAAAAAAAA7g/0bt12my-US0/s1600/photo_04_hires.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 185px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5726085640172630162" border="0" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/-6cAIILF7RWw/T3ckjTf0cJI/AAAAAAAAA7g/0bt12my-US0/s320/photo_04_hires.jpg" /></a><br /><br /><br /><div></div><br /><div align="justify">Ja desejei não mais chorar pensando em não mais sofrer. Já desejei não mais amar para não mais me machucar. Já desejei não mais ter amigos para não mais me decepcionar. Já desejei dormir e não mais acordar para poder descansar. Mas a vida ensina que tudo serve para nada e nada serve para tudo. Viver é descobrir que não há senão caminhos para conduzir a uma existencia legítima, apenas um: O seu próprio caminho. E o segredo que tanto buscas, aparece e desaparece na insconstancia da vida, viver é se surpreender. Não perca o interesse pela vida, não ache que já descobriu tudo sobre a vida. Quando não há tristeza, é porque a alegria esta debaixo de nosso travesseiro e quando há apenas alegria é porque a dor dorme e descansa até o limiar do próximo nascente.</div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-10423201436987115662012-03-08T06:13:00.003-08:002012-03-08T06:22:27.779-08:00(Jean Monbourquette)<a href="http://2.bp.blogspot.com/-AluswwzV8ac/T1jAZROudUI/AAAAAAAAA7U/Eg6Cu1m3Kzg/s1600/abismo.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 240px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5717531267301274946" border="0" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/-AluswwzV8ac/T1jAZROudUI/AAAAAAAAA7U/Eg6Cu1m3Kzg/s320/abismo.jpg" /></a><br /><br /><div>Todo o amor, todo o talento, todo tempo, toda a aplicação. Todas as alegrias, todas as carícias, todos os sofrimentos, todas as promessas, todas as preocupações.<br /><br />Tudo esta perdido. É o grande vazio, é a morte, é o nada. Graça da evidencia, dura e tranquilizadora realidade.<br /><br />Abandono completo. Minha dor se transforma em luz, em purificação, em vida que jorra. Por que devo morrer deste modo, para aprender a viver?<br /><br />(Jean Monbourquette) </div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-70951798455667625962012-03-08T05:51:00.003-08:002012-03-08T06:13:25.757-08:00Terminalidade<a href="http://1.bp.blogspot.com/-E_w01DJZaPU/T1i-boSQjHI/AAAAAAAAA7I/NVok-2XNfck/s1600/wine_bottles.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 210px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5717529108826590322" border="0" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/-E_w01DJZaPU/T1i-boSQjHI/AAAAAAAAA7I/NVok-2XNfck/s320/wine_bottles.jpg" /></a><br /><br /><div align="justify">No fim sei retornarei de onde vim... do pó vieste e ao pó retornareis... Poeira do espaço... Gostaria de ser cremado e como sei que nesta hora terei de estar sozinho, coloquem minhas cinzas dentro de uma garrafa de vinho.<br /><br />No fundo, gostaria de ser uma garrafa de vinho... Para aguardar em plena serenidade o momento de ser celebrado. O momento solene de alegrar ou inebriar o bohemio, o poeta, o homem de Deus, a prostituta, o rapinante, o homem de negócios... Enfim, trazer dionisíacamente o ensejo do ledice sabor: Vida! Uma vez mais Vida! E nesse momento todas as nossas dores serão esquecidas...</div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-86748484394823430502012-02-24T04:47:00.004-08:002012-02-24T06:04:59.224-08:00Privacidade<a href="http://1.bp.blogspot.com/-lh2AWi93hQQ/T0eKyQk2KeI/AAAAAAAAA68/TuekXVHsoJU/s1600/olho-buraco-fechadura-%257E-emo028.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 265px; DISPLAY: block; HEIGHT: 283px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5712687248390367714" border="0" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/-lh2AWi93hQQ/T0eKyQk2KeI/AAAAAAAAA68/TuekXVHsoJU/s320/olho-buraco-fechadura-%257E-emo028.jpg" /></a><br /><br /><div align="justify">Perdemos a privacidade? </div><br /><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Estamos nos expondo desnecessariamente e cada vez mais? Escondemos nos sorrisos, nos disfarces dos protocolos nossa dor, nossa angústia, nossa necessidade de compartilhar a existencia. Será que para ter a garantia que sou feliz, preciso testemunhar que os outros vejam minha felicidade? </div><br /><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">É preciso prezar a intimidade. É preciso cuidar da privacidade. A excessiva exposição, o modo como nos exibimos em sites de relacionamento, em fotos postadas, em comportamentos de auto-afirmação de felicidade, a necessidade de sermos vistos, invejados, admirados nos causa um grande vazio. Por que? Porque nos torna superficiais. A superficialidade vive no escancaramento da privacidade, no estupro da intimidade. Nos tornamos fúteis quando nos preocupamos com a vida do vizinho, com a ostentação e a busca de sermos vistos, com a necessidade de exibirmos o que fizemos ontem, que fui a europa, andei a cavalo, nadei, sorri, senti, sorri, quando queremos nos comparar e espiar os "posts" dos amigos virtuais que na realidade nem conhecemos! Me olhe, sou mais feliz que você, olhe pra minha privacidade, aqui eu mostro até com quantas pessoas eu fiquei e transei! Me olhe! Me deseje... Como diria Zygmunt Bauman, não criamos mais vínculos, criamos redes sociais... Basta um clique no FaceBook para eu deletar alguém ou adicioná-lo como "amigo". Aliás, a palavra amigo perdeu seu significado... em breve teremos um novo dicionário...</div><br /><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Se não prezamos nossa privacidade nos tornamos superficiais...</div><br /><br /><div align="justify">Do mesmo modo que compartilhamos os momentos alegres com verdadeiros amigos, também há necessidade de compartilhar nossa dor, nossos momentos de tristeza, sem censura e sem a frívola necessidade de mostrar que somos apenas o gozo e extase da uma ejaculação precoce.</div><br /><br /><div align="justify">Amigos... prezem a privacidade! </div><br /><div align="justify"></div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-39975237363238640912012-02-23T10:54:00.002-08:002012-02-23T11:03:20.406-08:00Certeza do agora<a href="http://1.bp.blogspot.com/-_39QatixQ3c/T0aNXteql1I/AAAAAAAAA6w/kle6oCPHFpA/s1600/untitled.bmp"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 221px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5712408615850776402" border="0" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/-_39QatixQ3c/T0aNXteql1I/AAAAAAAAA6w/kle6oCPHFpA/s320/untitled.bmp" /></a><br /><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">"A vida de um homem é o instante onde o mundo, em vão, se ilumina. A pedra, a lua e o rosto do outro não seriam comemorados e celebrados se o breve trânsito de nossa aparição não contasse com a língua e com a palavra. Também os gestos ou a dança, e a pintura, igualmente celebram, mas é na palavra das línguas que o mundo deixa de ser mundo e pode tocar a aparição. Se o homem deixar de existir e apenas o lagarto ou outro animal grunhir para a lua, então ela será menos lua e algum deus criador que acaso persista em sua incansável persistência terá de reconhecer que sua "obra" não é devidamente celebrada e ele, junto de seu imenso narcisismo trabalhista, teria de se suicidar. Celebrar é estar exposto e atingido pelas coisas a ponto de, ao dizê-las, guardar-lhes a vibração, comemorá-las."</div><br /><br /><div align="justify">Juliano Pessanha no livro "Certeza do Agora"</div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-14429867438920322832012-01-29T10:32:00.000-08:002012-01-29T10:39:26.484-08:00Pré-Pânico<a href="http://4.bp.blogspot.com/-GoypGTbJl-A/TyWSSu_K0-I/AAAAAAAAA6k/yDwXSNIQBS0/s1600/sindrome-do-panico1.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 245px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5703125353682883554" border="0" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/-GoypGTbJl-A/TyWSSu_K0-I/AAAAAAAAA6k/yDwXSNIQBS0/s320/sindrome-do-panico1.jpg" /></a><br /><br /><div><br />Eu sei. Não pode. É perigoso. Cuidado. Bem que eu disse. Eu não faço isso por nada. Controle. Segurança. Garantia. Medo. Desconfiança. Medo de avião - insegurança. Medo de navios. Medo de mar - liberdade. Não se duvida de nada. Não se questiona nada. Esse é o princípio da eclampsia existencial - Síndrome do Pânico.</div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-44143004103385691642012-01-10T12:00:00.000-08:002012-01-13T09:45:04.804-08:00Paralisia existencial<a href="http://3.bp.blogspot.com/-gJPxN0jGvGw/TxBtIMDc_RI/AAAAAAAAA6M/ROjlAuWn3Cc/s1600/rosas.JPG"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5697173516065766674" border="0" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/-gJPxN0jGvGw/TxBtIMDc_RI/AAAAAAAAA6M/ROjlAuWn3Cc/s320/rosas.JPG" /></a><br /><br /><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Tenho visto pessoas de todas as idades, homens ou mulheres perderem o encantamento pela vida. Uns sondam as nostalgias. Vivem seu passado como se só estivessem realmente existido nele. Não conhecem mais músicas novas, não descobrem novos estudos, novos lazeres, novos vinhos. Outros vivem das previsões do futuro. Delimitam o controle sobre suas vidas e se perdem na fugacidade de amores sem raízes, relacionamentos relampagos, nada os convoca, nada os prende e já não se cria, já não se é espontâneo - existencia fast-food. Somos feitos para aprender, para criar, descobrir... algo que só subexiste se questionarmos, duvidarmos e semearmos os questionamentos necessários do amadurecer. Aqueles que estão resignados, estão engessados, ressentidos e ásperos nas micoses da existencia. Os pés caminham para frente, não tenha medo. Se vc se lembrasse de cada escorregão, de cada tombo que levou aprendendo a andar nos primeiros anos de vida, vc estaria agora numa cadeira de rodas, com medo da instabilidade, da surpresa e epifania da vida. Amigos, sondem os labirintos!</div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-50770440184366466522011-10-22T06:21:00.000-07:002012-01-13T09:45:54.173-08:00A utopia da melhor idade | CPFL Cultura<a href="http://2.bp.blogspot.com/-9fSHqSa43ks/TqLHp6ECQaI/AAAAAAAAA6A/7vYYOB58KPo/s1600/250px-michelangelo_caravaggio_065.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 250px; DISPLAY: block; HEIGHT: 303px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5666310803960250786" border="0" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/-9fSHqSa43ks/TqLHp6ECQaI/AAAAAAAAA6A/7vYYOB58KPo/s320/250px-michelangelo_caravaggio_065.jpg" /></a><br /><br />Em síntese, o narcisista não é, como sugere a vulgata do mito de Narciso, alguém apaixonado por si mesmo ou por sua imagem no espelho. Ao contrário, o problema do narcisista é que ele depende totalmente dos outros para se definir e para decidir seu próprio valor: ele se orienta na vida só pela esperança de encontrar a aprovação do mundo.<br /><br />Infelizmente, nunca sabemos por certo o que os outros enxergam em nós. Às vezes, o narcisista se exalta com visões grandiosas de si, ideias infladas do amor e da apreciação dos outros por ele; outras vezes, ao contrário, ele despenca no desamparo, convencido de que ninguém o ama ou aprecia.<br /><br />Ora, a modernidade é isso: um mundo sem castas fixas, onde cada um pode subir ou descer na vida justamente porque seu lugar no mundo depende da consideração (variável e sempre um pouco enigmática) que os outros têm por ele. (C.C)<br /><br />Boa palestra a todos... assistam! Video na íntegra:<br /><br />http://vodpod.com/watch/3150847-ntegra-a-utopia-da-melhor-idade-cpfl-cultura<br /><br /><embed height="415" name="flashvideo" type="application/x-shockwave-flash" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" width="480" src="http://www.cpflcultura.com.br/sites/default/files/jwplayer.swf" allowfullscreen="false" flashvars="file=http://www.cpflcultura.com.br/sites/default/files/videos/krnl01_1799.flv&image=http://www.cpflcultura.com.br/sites/default/files/videos/krnl01_1799.jpg&skin=/sites/default/files/bekle.swf&backcolor=ffffff&frontcolor=5F5F5F&lightcolor=469514&screencolor=A2A2A2&controlbar=over&stretching=fill&bufferlength=10&plugins=googlytics-1&autostart=false" quality="high" wmode="transparent" border="0" allowscriptaccess="never"></embed> <br /><div style="FONT-SIZE: 0.9em"><br /><a href="http://vodpod.com/watch/3150847-ntegra-a-utopia-da-melhor-idade-cpfl-cultura">Íntegra: A utopia da melhor idade CPFL Cultura</a><br />- Watch more <a href="http://vodpod.com/">Videos</a> at Vodpod.</div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-78457570169180986502011-07-29T08:10:00.000-07:002011-07-29T08:17:42.538-07:00Ouvir...<a href="http://4.bp.blogspot.com/-NbUoRwbTkDw/TjLO9TWuJ1I/AAAAAAAAA54/6qLglyshEDE/s1600/drops_of_rain_1600.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 240px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5634793636356826962" border="0" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/-NbUoRwbTkDw/TjLO9TWuJ1I/AAAAAAAAA54/6qLglyshEDE/s320/drops_of_rain_1600.jpg" /></a><br /><br /><div align="justify"></div><br /><br /><br /><div align="justify">O homem está dividido dentro de si. A vida volta-se contra si própria através da agressão, do ódio e do desespero. Estamos habituados a condenar o amor-próprio; mas aquilo que queremos realmente condenar é o oposto do amor-próprio. É aquela mistura de egoísmo e aversão por nós mesmos que permanentemente nos persegue, que nos impede de amar os outros e que nos proíbe de nos perdermos no amor com que somos eternamente amados. Aquele que é capaz de se amar a si próprio é capaz de amar os outros; aquele que aprendeu a superar o desprezo por si próprio superou o seu desprezo pelos outros.<br /><br />Mas a profundidade da nossa separação reside, justamente, no fato de não sermos capazes de um grande amor, clemente e divino, por nós próprios. Pelo contrário, existe em cada um de nós um instinto de autodestruição, tão forte como o nosso instinto de autopreservação. Na nossa tendência para maltratar e destruir os outros existe uma tendência, visível ou oculta, para nos nos destruirmos. </div><br /><br /><div align="justify">A crueldade para com os outros é sempre também crueldade para com nós próprios. Deste modo, o estado de toda a nossa vida é o distanciamento dos outros e de nós próprios, porque estamos distanciados da Razão do nosso ser, porque estamos distanciados da origem e do objetivo da nossa vida. Estamos separados do mistério, da profundidade e da grandeza da nossa existência. Ouvimos a voz dessa profundidade, mas os nossos ouvidos estão fechados. Sentimos que algo radical, total e incondicional nos é exigido; mas rebelamo-nos contra isso, tentamos fugir à sua urgência e não aceitamos a sua promessa. </div><br /><br /><div align="justify"><em>"O primeiro dever do amor é escutar"</em> (Paul Tillich)</div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-30749908034561995622011-07-29T07:43:00.000-07:002011-07-29T08:04:12.619-07:00Ainda está chovendo...<a href="http://4.bp.blogspot.com/-r7Mi3hhvH9k/TjLLZONrmeI/AAAAAAAAA5w/OVAFo4HsSEY/s1600/Rain.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 214px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5634789717966559714" border="0" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/-r7Mi3hhvH9k/TjLLZONrmeI/AAAAAAAAA5w/OVAFo4HsSEY/s320/Rain.jpg" /></a><br /><br /><div></div><br /><br /><br /><div align="justify">Ainda está chovendo. Não posso deixar de sentir os pequenos acenos de meu corpo em direção as águas que agora caem. Livro-me de algumas roupas e deixo que a chuva caia sobre mim. Sento por alguns intantes sobre o chão e fecho meus olhos. Em meu corpo começam a brotar as sementes que antes não vingavam. Perdo-o a todos, enclusive a mim mesmo. Por alguns instantes, sinto uma alegria juvenil pairando sobre minhas pernas, um pouco cansadas. Refresco-me, refaço-me, renasço dessas águas junto as plantas que sacodem pingos pelo vento, que diante de mim aplaudem a liberdade que contemplo. Existem flores que desabrocham apenas aos olhares atentos que quem se assusta e sente o sopro epifanico da existencia... O começo, o meio e o FIM caminhando juntos no ritmo do infinito...</div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-40906668988458173652011-06-14T08:26:00.000-07:002011-06-14T09:00:02.776-07:00Círculos<a href="http://2.bp.blogspot.com/-iNJt64MFWzw/TfeDbL5s8-I/AAAAAAAAA5o/mnPbtyAaYBs/s1600/Nuvens.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 250px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5618103563242501090" border="0" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/-iNJt64MFWzw/TfeDbL5s8-I/AAAAAAAAA5o/mnPbtyAaYBs/s320/Nuvens.jpg" /></a><br /><br /><div align="justify"><br />Teorias, explicações, conclusões, encerramento de caso. Tudo isso para nos trazer a consolação, o travesseiro, o colo. Mas teoria é algo que não é, e a gente finge que é para saber como seria. Concluímos os assuntos, estabelecemos certezas para abafar a angústia necessária do encontro com nós mesmos. Para não nos desesperarmos com o navio sagrado que é o mundo, girando em torno de si mesmo, repetindo os ciclos. E a insídia metafísica que ela precisa para gerenciar o poder e o controle. Eles querem que você abaixe sua cabeça e aceite o infortúnio da mundanidade. Mas eu os admiro. Gostaria de poder entregar minha vida para um outro governar, realizar as escolhas, pensar por mim, se responsabilizar e me dar sempre leite no seio e colo quentinho. Mas, sou o escavador do inexplorado, estrangeiro na aristocracia e o não-pertencimento é onde reside o meu leito.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">E enquanto isso, somos só mais um... Somos? Alguns que se arriscam a sair do próprio conforto, da resignação que enfraquece nos tornando burros de carga de conhecimentos confiados a razão. A razão é a que nos tira da experiência real. E eu? Não sei, tudo pode. Não sei como as coisas deviam ser, mas sei como não deviam ser. Não sei o que é isso ou aquilo, mas sei o que isso ou aquilo NÃO é.<br /><br /><em>"Emigrado neste canto sem cura ousei recitar um hino, ams minha voz retirou-se e eu me vi face a face com o segredo da noite. Impossibilitado de revelá-lo, a ele me fundi e, nesta viagem sem volta, fui convertido ao silêncio". (</em>Juliano Pessanha)</div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-40487472664284978582011-06-09T10:55:00.000-07:002011-06-09T11:04:33.751-07:00Quando se chega ao Final<a href="http://1.bp.blogspot.com/-wmNx5VI2nMI/TfEJt-f6VCI/AAAAAAAAA5g/xu_3_ZN-CXc/s1600/four_seasons_wallpaper_by_Dawn42.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 256px;" src="http://1.bp.blogspot.com/-wmNx5VI2nMI/TfEJt-f6VCI/AAAAAAAAA5g/xu_3_ZN-CXc/s320/four_seasons_wallpaper_by_Dawn42.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5616280895783326754" /></a><br /><br /><br />Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...<br /><br />Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.<br /><br />Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram. Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? <br />Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu....<br /><br />Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. <br /><br />Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. <br /><br />O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. <br /><br />As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...<br /><br />Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. <br />Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. <br /><br />Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. <br /><br />Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.<br /><br />Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais. <br /><br />Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal". <br /><br />Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!<br /><br />Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.<br /><br />Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.<br /><br />Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.<br /><br />Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és...<br /><br />E lembra-te: Tudo o que chega, chega sempre por alguma razãoTiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-1928532145299281242011-06-06T13:12:00.000-07:002011-06-06T13:18:04.270-07:00Curtir é Covardia<div align="center"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-1aLyqQeBgUQ/Te00xZEYpHI/AAAAAAAAA5Y/RP_ywYiBodM/s1600/fran2.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 317px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5615202333548389490" border="0" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/-1aLyqQeBgUQ/Te00xZEYpHI/AAAAAAAAA5Y/RP_ywYiBodM/s320/fran2.jpg" /></a><span style="font-size:78%;"><br /></span><span style="font-family:arial;font-size:85%;">Celebrado escritor e ensaísta norte-americano, Jonathan Franzen é um dos principais nomes da atual literatura de seu país. Ele atingiu esse status ao lançar o livro As Correções (Cia. das Letras) em 2001, quando ganhou o National Book Award e foi finalista do prêmio Pulitzer do ano seguinte. O ensaio aqui publicado é quase uma continuação de outro (I Just Called to Say I Love You) que escreveu há três anos para a revista Technology Review e que colocava os celulares na berlinda. O alvo desta vez são as redes sociais.</span> </div><br /><p align="justify"><br /><br /><br />Duas semanas atrás, substituí meu BlackBerry Pearl, já com três anos de idade, por um BlackBerry Bold, muito mais poderoso. Nem preciso dizer como fiquei impressionado com o quanto a tecnologia avançou em três anos. Mesmo quando não havia ninguém para telefonar ou mandar e-mail, eu queria continuar mexendo no meu novo Bold e sentir a maravilhosa nitidez de sua tela, a movimentação sedosa do seu trackpad, sua chocante velocidade de resposta, a sedutora elegância de seus gráficos.<br /><br />Em resumo, fiquei apaixonado por meu novo dispositivo. É claro que o dispositivo anterior também tinha despertado em mim uma paixão semelhante; mas, com o passar dos anos, nosso relacionamento perdeu brilho. Surgiu uma série de problemas na minha relação com o Pearl: problemas de confiança, de responsabilidade, de compatibilidade e até, na porção final de nossa história conjunta, algumas dúvidas em relação à própria sanidade do meu Pearl, até que finalmente vi-me obrigado a reconhecer que eu tinha amadurecido e perdido o interesse naquele relacionamento.<br /><br />Será que preciso destacar o quanto nosso relacionamento era – na ausência de uma extravagante e antropomorfizante projeção segundo a qual meu antigo BlackBerry teria ficado magoado com o esmaecimento do amor que eu sentia por ele – absolutamente unilateral? Permita-me destacá-lo mesmo assim.<br /><br />Permita-me destacar ainda a frequência absurda com que a palavra “sexy” é usada para descrever os modelos mais recentes de dispositivos eletrônicos; e o quanto as coisas extremamente bacanas que podemos agora fazer com estes dispositivos – como ativá-los por meio de comandos de voz ou usar os dedos espalhando-os sobre a tela do iPhone para aumentar as imagens – pareceriam ser, para as pessoas de cem anos atrás, verdadeiros encantamentos de mágico, gestos de mago; e o quanto recorremos, na tentativa de descrever um relacionamento erótico que esteja funcionando perfeitamente, à metáfora da magia.<br /><br />Permita-me propor a ideia de que, conforme nossos mercados descobrem e respondem àquilo que os consumidores mais desejam, nossa tecnologia se torna extremamente hábil na criação de produtos que correspondam ao nosso ideal fantasioso de um relacionamento erótico, no qual o objeto amado se entrega por completo sem exigir nada em troca, instantaneamente, fazendo que nos sintamos todo-poderosos, sem criar cenas constrangedoras quando é substituído por um objeto ainda mais sexy, sendo então relegado a uma gaveta.<br /><br />Falando numa perspectiva mais geral, o objetivo definitivo da tecnologia, a teleologia da techné, é substituir um mundo natural indiferente a nossos desejos – um mundo de furacões e dificuldades e corações partíveis, um mundo de resistência – por outro mundo que responda tão bem a nossos desejos a ponto de ser, com efeito, uma mera extensão do ser. Permita-me sugerir, finalmente, que o mundo do tecnoconsumismo é, portanto, incomodado pelo amor verdadeiro, restando-lhe como única escolha responder perturbando o amor<br /><br />Sua primeira linha de defesa é transformar seu inimigo em commodity.<br /><br />Todos saberão citar seu favorito dentre os nauseabundos exemplos da mercantilização do amor. Eu mencionaria a indústria do casamento, os comerciais de TV que mostram lindas criancinhas e também a prática de oferecer automóveis como presente de Natal, e a particularmente grotesca equação que compara as joias com diamantes à devoção eterna. A mensagem, em cada um dos casos, é bastante clara: se você ama alguém, compre alguma coisa.<br /><br />Um fenômeno relacionado a esse é a transformação do verbo “curtir” (“like”, em inglês) que, graças ao Facebook, deixa de ser um estado de espírito e passa a ser um ato que desempenhamos com o mouse – deixa de ser um sentimento para virar uma opção de consumo. E curtir é, no geral, o substituto que a cultura comercial oferece para o ato de amar. A característica mais notável de todos os produtos de consumo – e principalmente dos dispositivos eletrônicos e aplicativos – é o fato de terem sido projetados para serem imensamente curtíveis. Esta é, na verdade, a definição de um produto de consumo, em contraste com o produto que é apenas aquilo que é e cujos fabricantes não estão concentrados na possibilidade de o curtirmos ou não. (Estou pensando nos motores a jato, no equipamento de laboratório, na arte e na literatura em suas manifestações mais sérias.)<br /><br />Mas, se pensarmos nisso em termos humanos, e imaginarmos uma pessoa definida pela ansiedade desesperada de ser curtida, qual é o quadro que vemos? O de uma pessoa sem integridade, descentrada. Em casos mais patológicos, vemos um narcisista – alguém incapaz de tolerar em sua autoimagem as manchas que seriam representadas pela possibilidade de não ser curtida e que portanto busca uma fuga do contato humano ou se dedica a sacrifícios cada vez mais extremos da própria integridade com o intuito de ser curtida.<br /><br />Curtível. Se uma pessoa dedica sua existência a ser curtível, entretanto, e se adota qualquer máscara bacana que se mostre necessária para atingir tal fim, isso sugere alguém que perdeu a esperança de ser curtido por aquilo que realmente é. E, se formos bem sucedidos na tentativa de manipular os outros e fazê-los nos curtir, será difícil não sentir, em algum nível, um verdadeiro desprezo por tais pessoas, pois caíram no nosso embuste. A pessoa pode ficar deprimida, cair no alcoolismo ou, se estivermos falando de Donald Trump, concorrer à presidência (e depois desistir).<br /><br />Os produtos tecnológicos de consumo nunca fariam algo tão pouco atraente, pois não são pessoas. Eles são, no entanto, grandes aliados e facilitadores do narcisismo. Além da ansiedade de serem curtidos já incorporada a eles, há também uma ansiedade de causarem boa impressão em nós. Nossas vidas parecem muito mais interessantes quando são filtradas pela interface sexy do Facebook. Somos os astros de nossos próprios filmes, fotografamos incessantemente a nós mesmos, clicamos o mouse e uma máquina confirma a sensação de que estamos no comando. E, já que nossa tecnologia não passa de uma extensão de nós mesmos, não precisamos desprezar seus traços manipuladores como faríamos no caso de pessoas reais. Trata-se de um ciclo interminável. Curtimos o espelho e o espelho nos curte. Ser amigo de uma pessoa significa apenas incluí-la na sua lista particular de espelhos elogiosos.<br /><br />Talvez eu esteja exagerando um pouco neste caso, só um pouco. Muito provavelmente, você já está cansado de ver as mídias sociais sendo desrespeitadas por cinquentões ranzinzas. Meu objetivo aqui é estabelecer um contraste entre as tendências narcisistas da tecnologia e o problema do amor verdadeiro. Minha amiga Alice Sebold gosta de falar em “amar alguém e se lambuzar”. Ela tem em mente a sujeira que o amor inevitavelmente espalha sobre o espelho de nosso respeito próprio.<br /><br />O simples fato é que a tentativa de ser perfeitamente curtível é incompatível com os relacionamentos amorosos. Mais cedo ou mais tarde, por exemplo, você se verá numa briga horrível, aos berros, e ouvirá saindo de sua boca palavras que você mesmo não curte nem um pouco, coisas que estilhaçam sua autoimagem de pessoa justa, gentil, bacana, atraente, controlada, divertida e curtível. Alguma coisa mais real do que a curtibilidade surgiu de você e de repente você se vê levando uma vida real.<br /><br />Subitamente existe uma escolha de verdade a ser feita – não uma falsa escolha de consumidor entre BlackBerry e iPhone, e sim uma pergunta: Será que eu amo esta pessoa? E, para o outro, será que esta pessoa me ama?<br />Não existe a possibilidade de curtir cada partícula da personalidade de uma pessoa real. É por isso que um mundo de curtição acaba se revelando uma mentira. Mas é possível pensar na ideia de amar cada partícula de uma determinada pessoa. E é por isso que o amor representa tamanha ameaça existencial à ordem tecnoconsumista: ele denuncia a mentira.<br /><br />Isso não equivale a dizer que o amor envolve apenas as brigas. O amor é questão de empatia ilimitada, nascida de uma revelação feita pelo coração mostrando que outra pessoa é tão real quanto você. E é por isso que o amor, ao menos no meu entendimento, é sempre específico. Tentar amar a toda a humanidade pode ser um empreendimento digno, mas, de um jeito engraçado, isso mantém o foco no eu, no bem estar moral ou espiritual do eu. Ao passo que, para amar uma pessoa específica e identificar-se com as lutas dela como se fossem as suas, é preciso abrir mão de parte de si.<br /><br />Neste caso, o grande risco envolvido é, sem dúvida, a rejeição. Todos nós podemos suportar momentos em que não somos curtidos, pois existe uma gama virtualmente infinita de curtidores em potencial. Mas expor a totalidade do seu eu, e não apenas a superfície curtível, e com isto ser rejeitado, é algo que pode se revelar insuportavelmente doloroso. A perspectiva geral da dor, a dor da perda, da separação, da morte, é o que torna tão tentadora a ideia de evitar o amor e permanecer em segurança no mundo do curtir.<br /><br />Ainda assim, a dor machuca, mas não mata. Quando levamos em consideração a alternativa – um sonho anestesiado de autossuficiência, incentivado e aprovado pela tecnologia – a dor emerge como produto natural e indicador natural de que estamos vivos num mundo resistente. Levar uma vida indolor equivale a não viver. Até dizer a si mesmo, “Ah, vou deixar para depois esta história de amor e de dor, talvez para depois dos 30 anos” é como resignar-se a passar 10 anos simplesmente ocupando espaço no planeta e consumindo seus recursos. Resignar-se a ser um consumidor (palavra que emprego no seu sentido mais pejorativo).<br /><br />Pássaros. Quando estava na faculdade, e por muitos anos depois disto, eu curtia o mundo natural. Eu não o amava, mas sem dúvida o curtia. A natureza pode mesmo ser algo muito belo. E, como eu estava em busca de coisas no mundo que me parecessem erradas, gravitei naturalmente na direção do ambientalismo, pois sem dúvida havia muitas coisas erradas com o meio ambiente. E quanto mais eu olhava para aquilo que estava errado – uma população mundial em explosão, o consumo desenfreado dos recursos naturais, o aumento nas temperaturas globais, a contaminação dos oceanos, o corte das últimas florestas antigas –, mais furioso me tornava.<br /><br />Finalmente, em meados dos anos 90, tomei conscientemente a decisão de parar de me preocupar com o meio ambiente. Pessoalmente, não havia nada de significativo que eu pudesse fazer para salvar o planeta e, além disso, tinha vontade de seguir na vida me dedicando às coisas que amava. Continuei me esforçando para manter pequena minha “pegada de carbono”, mas esse parecia ser o meu limite antes de recair na raiva e no desespero.<br /><br />Foi então que me ocorreu algo engraçado. Trata-se de uma história comprida, mas, basicamente, apaixonei-me pelos pássaros. Isto não ocorreu sem uma resistência considerável, pois é muito cafona ser um observador de pássaros, já que qualquer indício que revele uma paixão verdadeira é, por definição, algo cafona. Mas, aos poucos, apesar da relutância, desenvolvi essa paixão e, se metade de uma paixão é a obsessão, a outra metade é o amor.<br /><br />Bem, devo admitir que mantive uma lista meticulosa das espécies de pássaros que eu já tinha visto e admito também que fiz esforços incomuns em nome da oportunidade de conhecer espécies diferentes. Mas, igualmente importante, sempre que olhava para um pássaro, qualquer pássaro, mesmo uma pomba ou um tordo, eu sentia o coração transbordar de amor. E o amor, como venho tentando expor aqui, é onde começam nossos problemas.<br /><br />Pois agora, não apenas curtindo a natureza, mas amando uma parte específica e vital dela, eu não tinha escolha a não ser voltar a me preocupar com o meio ambiente. As notícias sobre este assunto não tinham melhorado desde a época em que decidi parar de me importar com elas – eram na verdade consideravelmente piores –, mas agora aquelas florestas e pântanos e oceanos ameaçados não eram mais cenários bonitos dos quais eu poderia desfrutar. Eram o lar de animais que eu amava.<br /><br />E foi então que um curioso paradoxo emergiu. A raiva e a dor que eu sentia diante da situação do planeta só foram amplificadas por minha preocupação com os pássaros silvestres, mas, conforme eu aprendia sobre a preservação dos pássaros e me envolvia com esse tipo de iniciativa, aprendendo cada vez mais a respeito das ameaças que os pássaros enfrentam, tornou-se mais fácil, e não mais difícil, conviver com a raiva, o desespero e a dor.<br /><br />Como pode ser uma coisa dessas? Acho que, para começar, meu amor pelos pássaros se tornou um portal para uma parte importante e menos autocentrada de mim, que eu nem mesmo sabia que existia. Em vez de seguir à deriva pela vida de cidadão global, curtindo e descurtindo e guardando meu envolvimento para algum momento posterior, fui obrigado a confrontar uma parte de mim que até então eu tinha de aceitar totalmente ou rejeitar absolutamente.<br /><br />Exatamente aquilo que o amor faz com uma pessoa. Pois a questão fundamental envolvendo a todos nós é o fato de que vivemos por algum tempo, mas morreremos em breve. Esse fato é a verdadeira causa fundamental de toda a nossa raiva, dor e desespero. E a pessoa pode optar por fugir desse fato ou, por meio do amor, aprender a aceitá-lo. Quando ficamos em nossos quartos e bufamos ou caçoamos ou damos de ombros indiferentemente, como eu fiz durante tantos anos, o mundo e seus problemas parecem impossivelmente desafiadores. Mas, quando saímos e nos colocamos em relacionamentos reais com seres reais, ou mesmo animais reais, há o perigo bastante real de amarmos alguns deles.<br /><br />E quem pode prever que rumo a vida tomará então?<br /><br /><span style="font-size:85%;">(fonte:http://blogs.estadao.com.br/link/curtir-e-covardia/)</span> </p>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-87429046115303662782011-02-17T09:06:00.000-08:002011-02-17T09:08:40.344-08:00Hidden<a href="http://1.bp.blogspot.com/-E_-nxniXBEU/TV1V0-N2e-I/AAAAAAAAA5M/gnjXLXTCqfg/s1600/ocean-temperature.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5574706282297195490" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 235px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/-E_-nxniXBEU/TV1V0-N2e-I/AAAAAAAAA5M/gnjXLXTCqfg/s320/ocean-temperature.jpg" border="0" /></a>A essência esta onde nossos olhos não podem alcançar... O que esta escondido, não por escolha, mas por precisar estar submerso naquilo que nossa consciência não pode de um só vez perceber, guarda os segredos de nossa história, de nossos medos e de nossos desejos. Entrar-me-ei nos jardins secretos de minha existencia? Poderei eu não enlouquecer com aquilo que posso esconder me mim mesmo? Vou adiante? Ou estuprarei meus receios e caminharei adiante?<br /><div></div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-34288835840017077082011-02-17T05:37:00.000-08:002011-02-17T13:16:47.451-08:00Na noite passada eu sonhei...<a href="http://2.bp.blogspot.com/-GCoDxHeHm7o/TV04qsWwayI/AAAAAAAAA5E/Ym1LLWAKRbE/s1600/wolf-photo.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5574674219866811170" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/-GCoDxHeHm7o/TV04qsWwayI/AAAAAAAAA5E/Ym1LLWAKRbE/s320/wolf-photo.jpg" border="0" /></a><br /><div></div><div>Antes de dormir, fui dormir com o gosto de carvalho em minha boca, gosto de húmus, com perfume doce de um vinho que não se repetirá. No sonho, sangue e algodão... são cores que enxergo em uma sinestesia desenfreada. Noite? Dia? No céu azul eu via o sol mas também a lua... Acordei do sonho dentro do sonho. Ah! era um sonho lúcido... Via-me num grande campo verde, rodeado de animais selvagens que me observavam, a espreita... Não tinha medo, estava prenhe de uma alegria serena e um sorrido juvenil... sabia que era perigoso mas evitava dar passos p/ trás... Me arriscava como quem provoca a morte sabendo que não se morre no mundo da própria criação... Eu tinha o controle de tudo menos de uma coisa: o desejo e o medo... E corria p/ o precipício sabendo que não devia, que não podia... mas queria aprender a voar mesmo sabendo que minhas asas estavam na mão de uma mulher... E caía em camera lenta, despencando do nada ao nada... num sonho estranho, sem interpretação ou explicação...</div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-29784166377339796122011-02-09T07:53:00.000-08:002011-02-09T08:06:27.156-08:00caminhos<div align="center"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_FyBNfxANw_Y/TVK5YcbP0tI/AAAAAAAAA48/Os5mBZgDGRw/s1600/encruzilhada1.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5571719518609199826" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 230px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/_FyBNfxANw_Y/TVK5YcbP0tI/AAAAAAAAA48/Os5mBZgDGRw/s320/encruzilhada1.jpg" border="0" /></a>Talvez eu fique, talvez eu vá. </div><div align="center">Quero sombra mas também quero o clarão da lucidez </div><div align="center">que cegou o velho sábio com os inigmas da existencia<br /></div><div align="center">Eu quero água, e também quero vinho</div><div align="center">Aqui onde estou, posso estar acompanhado</div><div align="center">Mas também posso estar sozinho.</div><div align="center"> </div><div align="center">Nos becos por onde caminho</div><div align="center">Poucos são aqueles que encontro</div><div align="center">Mas quando os vejo, digo-lhes: não me siga amigo</div><div align="center"> </div><div align="center">Caminhe ao meu lado onde as margens se cruzam mas não se destinam.</div><div align="center">Eles podem se cruzar, mas por onde exploro meus passos</div><div align="center">Não há nada além de mim mesmo</div><div align="center"> </div><div align="center">E assim que os pássaros se aquietam e o silêncio ressoa</div><div align="center">Fundo-me na plenitude do Vazio - sou o que sou</div><div align="center">sondei meus labirintos...</div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-74883039767963175552010-11-27T06:40:00.000-08:002010-11-27T06:41:23.219-08:00piparotesPosso respeitar a tenacidade corajosa de quem se mantém fiel a suas convicções, mas no que ela difere da teima de quem se esconde atrás dessa fidelidade porque não sabe negociar com quem pensa diferente e com o emaranhado das circunstâncias que mudam? Aplicar princípios e nunca se afastar deles é uma prova de coragem? Ou é a covardice de quem evita se sujar com as nuances da vida concreta?<br /><br />Olhando para trás, descubro (com certo orgulho) que, ao longo da vida, fiz inúmeras concessões, inclusive na hora de escolhas fundamentais. Poucas vezes lamentei não ter sido coerente. Mas muitas vezes lamento não ter sabido fazer as concessões necessárias, por exemplo, na hora de ajustar meu desejo ao desejo de pessoas que amava e de quem, portanto, tive que me afastar.<br /><br />A coerência é uma virtude só para quem se orienta por princípios. Para o indivíduo moral, que se orienta (e desorienta) por dilemas, a coerência não é uma virtude, ao contrário, é uma fuga (um tanto covarde) da complexidade concreta. Oscar Wilde, que é um grande fustigador de nossas falsas certezas morais, disse que "a coerência é o último refúgio de quem tem pouca fantasia" e, eu acrescentaria, de quem tem pouca coragem.<br /><br />(C. Calligaris)Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-73397045390649308302010-08-16T09:36:00.000-07:002010-08-16T09:43:21.207-07:00Eterno Retorno<div align="justify"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_FyBNfxANw_Y/TGlqHyZV7fI/AAAAAAAAA4Y/RTYNCjF7f2E/s1600/Fetos-Leonardo+da+Vinci+gravura_2.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 290px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5506048701456838130" border="0" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/_FyBNfxANw_Y/TGlqHyZV7fI/AAAAAAAAA4Y/RTYNCjF7f2E/s320/Fetos-Leonardo+da+Vinci+gravura_2.jpg" /></a><em>Tudo vai, tudo volta; eternamente gira a roda do ser.<br />Tudo morre, tudo refloresce, eternamente transcorre o ano do ser.<br />Tudo se desfaz, tudo é refeito; e</em><em>ternamente fiel a si mesmo permanece o anel, </em></div><div align="justify"><em>Eternamente constróí-se a mesma casa do ser.<br />Tudo se separa, tudo volta a se encontrar; do ser.<br />Em cada instante começa o ser; em torno de todo o "aqui " rola a bola "acolá ".<br />O meio está em toda parte. Curvo é o caminho da eternidade.</em><br /><br />(NIETZSCHE, Assim falou Zaratustra, "0 convalescente", § 2).<br /><br /><br />O conceito do Eterno Retorno nos remte a um questionamento sobre a vida: na existência escancarada de cada ser, amamos ou não amamos a vida? Se tudo torna e retorna - o gozo, a dor, a angústia, criação, destruição, alegria e tristeza, saúde, doença, bem e mal, belo e feio… tudo vai e tudo retorna... Se tudo isso volta sem nenhuma ordem ou ciclo — isto é divino ou maldito? Amamos a vida a tal ponto de desejarmos ela, infinitas vezes sem fim? Vivendo todos os nossos ocasos, bandições e decepções com a mesma intensidade? Seríamos capazes de amar a vida que temos - a única vida que temos - a ponto de querermos vivê-la sem a menor alteração, infinitas vezes ao longo da eternidade? Temos tal amor ao nosso caminho?<br /><br />Todas as coisas que parecem ser antagônicas. Ou seja, todos os opostos na realidade não se opõem, mas são faces de uma mesma realidade. Um complementa o outro, são continuidades de apenas um jogo. Alegria e tristeza são faces de uma única coisa experienciada em diferentes graus. O retorno de tudo não se reporta a uma demarcação temporal cíclica e exata, mas às nuances de vivências que se complementam e dão o colorido da vida.<br /><br />O devir não ocorre exatamente igual, são variações de sentidos já vivenciados. O que ja senti de bom e de mal, não serão iguais amanhã, mas voltarei a experimentar esses estados em diferentes variações...<br /><br />Então, se tudo retorna - será que queremos mesmo viver à eternidade onde nada de novo irá acontecer além de vivências com nuances variadas de uma mesma realidade?<br />Só você pode responder a essa pergunta, ninguém pode fazer isso por você. Lembre-se: uma resposta lógica, pronta e acabada não faz sentido. Há de remoer e buscar nas entranhas da angústia e nas portas do desespero reflexões fecundas, prenhes de insights...<br /><br />Temos tal amor ao nosso caminho? Aos destinos que trilhamos? Sou Autor de minha vida? Escrevo ela com minha carne e meu sangue? Ou outras pessoas escrevem p/ mim, tornando-me mero ator ou coadjuvante? Sigo meu caminho ou ando por trilhas já trilhadas?<br /><div align="center"></div><br /><div align="center">É hora de criarmos novos valores, e irmos p/ uma reformulação total de ideais...</div></div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-51349514465731860092010-08-09T07:02:00.000-07:002010-08-09T07:06:26.845-07:00O castigo físico<a href="http://2.bp.blogspot.com/_FyBNfxANw_Y/TGALR-xgPSI/AAAAAAAAA4Q/BkkycFa1JHQ/s1600/ContardoCalligaris_3QPCIP.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 224px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5503411148183059746" border="0" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_FyBNfxANw_Y/TGALR-xgPSI/AAAAAAAAA4Q/BkkycFa1JHQ/s320/ContardoCalligaris_3QPCIP.jpg" /></a><br /><div align="justify"><strong></strong></div><div align="justify"><strong>O castigo físico </strong><br /><br />O castigo físico acaba com a autoridade de quem castiga, pois revela que seu argumento é a força<br /><br />UMA RECENTE pesquisa Datafolha (Folha, 26/7) mostra que, no Brasil, 69% das mães e 44% dos pais admitem ter batido nos filhos.<br /><br />Parêntese. Os pais são tão violentos quanto as mães: simplesmente, eles passam menos tempo em casa e lidam menos com o "adestramento" dos filhos.<br /><br />A pesquisa constata também que 72% dos adultos sofreram castigos físicos quando crianças. Como se explica, então, o fato de que 54% dos brasileiros se declaram contrários ao projeto de lei que proíbe os castigos físicos em crianças? Há várias hipóteses possíveis.<br /><br />1) Talvez quem apanhou quando criança não queira perder o direito de se vingar em cima dos filhos.<br /><br />2) Talvez não aceitemos a ideia de que os nossos pais tinham sobre nós uma autoridade maior do que a que nós temos ou teremos sobre nossos filhos.<br /><br />3) Na mesma linha, talvez estejamos dispostos a apanhar dos superiores sob a condição de sermos autorizados a bater nos subalternos. </div><br /><div align="justify"><br />Nota: aceitar apanhar dos mais poderosos para poder bater nos mais fracos é a caraterística que resume a personalidade burocrático-autoritária do funcionário fascista.<br /><br />4) A autoridade, dizem alguns com razão, sempre tem um pé na coação e recorre à força quando seu prestígio não for suficiente para ela se impor. Hoje, a autoridade simbólica dos adultos é cada vez menor. É provável que os próprios adultos sejam responsáveis por isso (principalmente, por eles se comportarem cada vez mais como crianças); tanto faz, o que importa é que o prestígio dos adultos não lhes garante mais respeito e obediência. Portanto, a palavra aos tabefes.<br /><br />É um erro: o castigo físico acaba com a autoridade de quem castiga, pois revela que seu argumento é apenas a força. A reação mais sensata da criança será: tente de novo quando eu estiver com 15 anos e 1,80 m de altura.<br /><br />Esses e outros argumentos a favor da palmatória não encontram minha simpatia. Até porque verifico que os rastos desses castigos não são bonitos. Mesmo um simples tapa é facilmente traumático tanto para o pai que bateu como para o filho: ele paira na memória de ambos como uma traição amorosa que não pode ser falada por ser demasiado humilhante (para os dois). Há pais violentos que passam a vida na culpa, e há crianças cuja vida erótica adulta será organizada pela tentativa de encontrar algum sinal de amor no sadismo dos pais.<br /><br />Apesar disso, se tivesse sido consultado na pesquisa, provavelmente eu teria me declarado contra a nova lei, por duas razões.<br /><br />A primeira (e menos relevante) é que existem violências contra crianças piores do que a violência física, e receio que uma lei reprimindo o castigo físico nos leve a pensar que, por assim dizer, "o que não bate engorda". Infelizmente, não é preciso bater para trucidar uma criança.<br /><br />A segunda razão (e mais relevante) é que a nova lei não surge num contexto em que os pais teriam poder absoluto sobre o corpo dos filhos. Mesmo sem a nova lei, o professor que visse sinais de violência no corpo de um dos alunos avisaria à polícia e à autoridade judiciária. O mesmo valeria para o pediatra ou para o psicoterapeuta. Inversamente, um pai cujo filho fosse batido na escola processaria o professor e a instituição. Também, com um pouco de sorte, uma criança batida pode denunciar o adulto que a abusa.<br /><br />Pergunta: para que servem leis que pouco mudam o quadro legal e só explicitam e particularizam proibições que já vigem de modo geral? Essas leis me parecem ter sobretudo a intenção de afirmar, demonstrar e estender o poder do Estado na vida dos cidadãos.<br /><br />Uma coisa aprendi com Michel Foucault: o poder moderno é raramente extravagante em suas exigências. Como ele não tem conteúdo específico, mas gosta apenas de se expandir, ele escolhe o caminho mais fácil, conquistando a adesão "espontânea" de seus sujeitos. Como? Simples: operando "obviamente" "pelo bem dos cidadãos" no caso, pelo bem das crianças.<br /><br />Resumindo:<br /><br />1) sou absolutamente contra qualquer castigo físico; 2) sou também contra a extensão do poder do Estado no campo da vida privada, por temperamento anárquico e porque sou convencido que, neste campo, as famílias erram muito, mas o Estado, quase sempre, erra mais.</div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-75716693404801037142010-08-09T06:55:00.000-07:002010-08-09T07:01:21.065-07:00Preconceitos...<a href="http://1.bp.blogspot.com/_FyBNfxANw_Y/TGAJvy5jDsI/AAAAAAAAA4I/DImn7G8uwJg/s1600/ContardoCalligaris_3QPCIP.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 224px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5503409461368393410" border="0" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/_FyBNfxANw_Y/TGAJvy5jDsI/AAAAAAAAA4I/DImn7G8uwJg/s320/ContardoCalligaris_3QPCIP.jpg" /></a><br /><div align="justify"></div><div align="justify">... É banal que, ao descrever uma reunião, digamos: "Havia cinco pessoas". No entanto, havia seis: a gente não se contou entre os presentes. Esse deslize exemplifica o oitavo pecado capital: tirar o corpo fora, ou seja, falar dos outros e do mundo como se nossa subjetividade não atrapalhasse nem o mundo nem nossa fala. O preconceito é filho desse pecado: se me esqueço de mim e de minha história na hora de falar dos outros, é provável que eu acabe lhes atribuindo exatamente aquela parte de mim ou de minha história que quis suprimir... </div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-89170378728667477092010-06-22T06:49:00.000-07:002010-06-22T06:58:46.780-07:00C. Calligaris<div align="justify"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_FyBNfxANw_Y/TCDBd6PePyI/AAAAAAAAA4A/EcYgepyincM/s1600/o-que-e-insanidade-insanidade-e-ser-humano.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 220px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5485597065731784482" border="0" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/_FyBNfxANw_Y/TCDBd6PePyI/AAAAAAAAA4A/EcYgepyincM/s320/o-que-e-insanidade-insanidade-e-ser-humano.jpg" /></a> (...)<br /><br />"A união faz a força". Mas faz a força a que preço? Uma história recente dizia que a massa era poderosa e irresistível, mas irremediavelmente burra e cruel. Meus pais tinham conhecido os 20 anos do fascismo italiano e assistiam ao desastre do socialismo real, manifesto (para quem quisesse ler e ouvir) desde os anos 50. Não seria no Brasil de hoje que eles seriam desmentidos: partidos e movimentos, sobretudo quando têm uma forte coesão, parecem ser sempre piores do que as pessoas que os compõem.<br /><br />Mais tarde, consagrei minha tese de doutorado a esta pergunta: como é possível que homens quaisquer, como você e eu, sejam levados a funcionar como o braço armado de genocídios e extermínios que repugnariam a suas consciências se eles agissem sozinhos? Cheguei a uma conclusão que tento resumir: não é por medo de punições nem por convicção ideológica. É porque, para o sujeito moderno, tanto a dúvida sobre quem ele é quanto a incerteza sobre o que ele quer da vida são fardos imensos. Ele pode ser levado, portanto, a sacrificar sua individualidade à condição de que o grupo lhe ofereça a ilusória impressão de "saber" quem ele é e quais são suas tarefas. Um homem qualquer pode colocar fogo numa sinagoga repleta ou despedaçar nenês contra uma parede para ganhar o "conforto" de sentir-se parte eficiente de um grupo.<br /><br />A desconfiança dos grupos não se desmentiu quando me ocupei um pouco da função da turma e da gangue (sobretudo adolescente) na violência criminosa. Por caminhos psicológicos um pouco diferentes, aqui também o grupo potencializa o que há de pior em alguns de nós. Sentir-se reconhecido pelos "compadres" é uma razão suficiente para esquecer-se de inibições e freios morais básicos. Os quatro rapazes que, em 1997, em Brasília, queimaram vivo o índio Galdino, tomados um a um, nunca teriam perpetrado aquele horror.<br /><br />Aparte: a sedução do grupo não constitui um atenuante. Ao contrário, a covardia que leva alguém a trocar sua humanidade pelo conforto coletivo é, a meu ver, uma agravante.<br /><br />Dos grupos só se salvaria, em princípio, a família: já em 1812, o alemão J.D. Wyss publicara "Os Robinsons Suíços", em que transformava a gloriosa solidão de Robinson Crusoé no ideal da vida familiar numa ilha deserta. A idéia alimentou um seriado televisivo americano nos anos 60. Na mesma linha e época, a família de "Perdidos no Espaço" chamava-se Robinson. Mas, desde os anos 70, a antipsiquiatria inglesa (Laing, Cooper, Esterson) mostrava que a família era a fonte originária do sofrimento neurótico e da loucura.<br /><br />Em suma, durante os dois últimos séculos, inventamos utopias coletivas, mas elas devoram nossa liberdade; sonhamos com o calor do lar, mas ele parece ser responsável por muitos de nossos males. Atrás da "união que faz a força", paira o medo (justificado) de que, nessa união, nossa singularidade perca o melhor de si. E, atrás do sonho de Robinson, paira o pavor (também justificado) de uma solidão sem conforto.<br /><br />Para lidar com esse paradoxo, quando sou chamado a "ajudar" grupos em dificuldade (famílias e casais), adoto um pequeno artifício: em vez de explorar as falhas (ou seja, em vez de perguntar o que cada um estima estar perdendo por causa da relação), tomo, às vezes, o caminho oposto e pergunto o que cada um estima estar ganhando na convivência com o outro.<br /><br />É pouco, mas é um jeito de as pessoas se lembrarem de que, apesar de todos os pesares, vale a pena pagar um preço para elas não viverem sozinhas. Claro, depende do preço.</div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3618841265489215455.post-25881506460092814142010-06-14T09:23:00.000-07:002010-06-14T09:25:20.287-07:005 coisas<div align="center"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_FyBNfxANw_Y/TBZXzx6Wy2I/AAAAAAAAA34/t_9fMbix6TY/s1600/untitled.bmp"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 240px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5482666143453203298" border="0" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_FyBNfxANw_Y/TBZXzx6Wy2I/AAAAAAAAA34/t_9fMbix6TY/s320/untitled.bmp" /></a><br />Quero apenas cinco coisas..<br />Primeiro é o amor sem fim<br />A segunda é ver o outono<br />A terceira é o grave inverno<br />Em quarto lugar o verão<br />A quinta coisa são teus olhos<br />Não quero dormir sem teus olhos.<br />Não quero ser... sem que me olhes.<br />Abro mão da primavera para que continues me olhando (Pablo naruda)</div>Tiagohttp://www.blogger.com/profile/03423106782339962221noreply@blogger.com1